A empresa chinesa Sinovac Biotech, responsável pela fabricação da vacina Coronavac, afirmou nesta terça-feira (7) que uma versão atualizada do imunizante contra a variante ômicron deve estar disponível em três meses.
No Brasil, a vacina é produzida em parceria com o Instituto Butantan, em São Paulo. A empresa e o laboratório brasileiro fazem testes de neutralização in vitro da nova cepa, testes que devem ser concluídos em até 15 dias dias. Após a conclusão dessa etapa, a empresa deve iniciar os testes em humanos para avaliar a segurança e eficácia.
Caso seja comprovada a ação de neutralização da nova fórmula contra a ômicron e a vacina tenha bons resultados nos testes, a Sinovac pretende produzir a versão atualizada da Coronavac com uma capacidade de 1 bilhão a 1,5 bilhão de doses por ano.
Em maio, resultados dos testes em laboratório do imunizante contra diferentes variantes do vírus, incluindo a delta, mostraram capacidade da vacina em bloquear a entrada e replicação do vírus nas células.
Os anticorpos produzidos pela vacina foram capazes de bloquear igualmente a ação da forma ancestral do vírus chinesa e das variantes D614G (a primeira mutação a surgir do vírus), B.1.1.7 (britânica) e B.1.429 (californiana). No caso das variantes P.1 (de Manaus), B.1.351 (sul-africana) e B.1.526 (nova-iorquina), a vacina se mostrou eficaz, mas houve uma redução na taxa de anticorpos neutralizantes entre 4 e 5 vezes.
O estudo foi publicado na forma de correspondência -um artigo breve, porém revisado por pares- na revista The Lancet, uma das mais prestigiosas revistas científicas.
A vacina Coronavac utiliza a tecnologia de vírus inativado, ou seja, utiliza o vírus inteiro na formulação que é morto e é incapaz de se replicar. A utilização da morfologia total do vírus, e não partes dele, foi considerada por alguns especialistas como uma vantagem do imunizante contra as novas variantes do Sars-CoV-2, uma vez que as mutações que ocorrem em algumas partes do vírus, notadamente na proteína S do Spike (ou espícula, usada pelo vírus para entrar nas células) não seriam tão afetadas pelos anticorpos produzidos contra outras partes do vírus, por exemplo.
Segundo a diretora do Centro de Desenvolvimento Científico do Butantan, Sandra Coccuzzo, os indivíduos vacinados com a Coronavac desenvolvem anticorpos contra a proteína nucleocapsídeo, do núcleo do vírus. Por essa razão, é possível que a proteção da vacina se mantenha alta mesmo frente à nova variante.
A eficácia e capacidade da vacina de impedir hospitalização e óbito contra a nova cepa, porém, deve ser avaliada em novos estudos de efetividade, ou eficácia de vida real. Até o momento, informações sobre se a ômicron causa quadros de infecção mais leves são animadores, mas cientistas ainda aguardam mais informações do vírus para a conclusão.
Fonte: Folha