Intenção de compra do brasileiro neste Natal cai 24%, o maior recuo em 5 anos

Tiago Queiroz / Estadão Na Black Friday deste ano o tombo no consumo foi bem maior. O mesmo tipo de levantamento apontou queda de 32% na intenção de compra para a data, comparada ao ano anterior.

A queda do poder de compra do brasileiro, corroído pela inflação de 10% neste ano, mais os juros e o desemprego elevados derrubaram as intenções de consumo para este Natal, repetindo o movimento já registrado na Black Friday – a megaliquidação do final de novembro.

De 28 produtos pesquisados, entre alimentos e enfeites típicos desta época do ano, eletroeletrônicos, eletrodomésticos, móveis, itens de informática, telefone celular e artigos de vestuário, só cinco apresentaram aumento na intenção de compra em relação ao Natal de 2020, mostra uma pesquisa da plataforma V+ do Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo (Ibevar). O levantamento foi feito com uso de algoritmos de inteligência artificial e análise semântica. Por meio dessas ferramentas, foram extraídos este mês dados de 100 mil manifestações espontâneas em redes sociais.

Entre os cinco produtos que registraram aumento da intenção de compra, estão forno de micro-ondas (3%), drones (31,2%), jogos eletrônicos (42%), consoles de videogames (70%) e panelas elétricas (270%).

Os 23 itens restantes tiveram registros de queda de até 40% na intenção de consumo, caso de telefone celular e smartphone, seguido por fone de ouvido (38,2%), bicicleta (33,8%), TV (30,1%) e tablet (29,5%). Os dados coletados revelam um recuo de, em média, 24% na intenção de compra para os 28 itens. É a maior retração observada na pesquisa de intenção de consumo de Natal desde 2016 (7%). No ano passado, a queda havia sido de 5% ante o Natal de 2019.

“Não é surpresa que o Natal deste ano seja muito ruim, assim como foi a Black Friday”, afirma o economista e presidente do Ibevar, Claudio Felisoni de Angelo. Ele argumenta que a conjuntura é desfavorável às compras, com 13,5 milhões de desempregados no País, juros no comércio de 80% ao ano, inflação na casa de 10%, incertezas e ambiente político conturbado.

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