Apoio de oficiais da Polícia Militar à manifestação preocupa governo de MG

© Gladyston Rodrigues/EM/D.A.Press Policiais militares reprimiram professores em greve e agora, com apoio de oficiais, estarão nas ruas por recomposição salarial

A adesão inédita de oficiais, delegados e chefes das forças de defesa social e segurança pública à manifestação pela recomposição salarial marcada para esta segunda-feira (21/2), na Praça da Estação, em Belo Horizonte, agrava a preocupação do governo mineiro, tendo paralelo apenas com a greve da Polícia Militar de Minas Gerais, de 1997, que terminou com cerco ao comando e com a morte do cabo Valério. É o que avaliam fontes ligadas ao movimento e a instituições e corporações do setor ouvidas pela reportagem do Estado de Minas.

Pelos cálculos do movimento, a previsão é de que entre 10 mil e 20 mil servidores participem da manifestação, vindos de diversas partes do estado. Somente do interior, são esperados 80 ônibus e mais de 40 vans, sem contar carros particulares e funcionários das cidades da Grande BH.

“O governador prometeu a recomposição inflacionária parcelada. Todos tivemos paciência. Ficamos engolindo a seco as transmissões dele durante o expediente, dizendo que estava colocando as contas em dia, os buracos do estado, mas a água chegou no nariz. A tolerância acabou totalmente”, disse um policial militar da ativa que conversou com a reportagem sob  condição de anonimato.

Nas redes sociais, vários policiais militares, policiais civis, bombeiros militares e policiais penais têm criticado o governo e cobrado abertamente a recomposição da inflação nos últimos sete anos.

“Quando nós, oficiais, entramos em um movimento desses, a gente acaba quebrando a cadeia hierárquica. É ruim, porque nós mesmos perdemos aquele controle estrito da tropa. Mas a coisa chegou a um ponto tal que a nossa não adesão acabaria provocando esse mesmo efeito de perda de controle. É um caminho sem volta”, afirma o oficial.

Um policial penal de um município da Zona da Mata que também conversou com a reportagem conta que foi feito um rateio dos funcionários públicos das corporações e instituições para alugar um ônibus e rumar para a capital, às 3h do dia 21.

“Policiais militares, civis e penais estão indo juntos no mesmo ônibus com recursos próprios, sem ajuda de sindicatos ou de políticos. No nosso caso, não vão oficiais nem diretores do (setor) penal, mas terão sargentos, cabos, soldados, investigadores, escrivãos e policiais. Vemos o Zema como um bom governador para o estado, mas não para os servidores”, afirma o policial penal.

No final de 2020, o governador enviou à Assembleia o Projeto de Lei nº 1.451/20, que previa recomposição de 41%, dividida em três parcelas, sendo 13% em julho de 2020, 12% em setembro de 2021 e 12% em setembro de 2022.

Entre os apoiadores do movimento, o deputado estadual Sargento Rodrigues (PTB) afirma que a paciência da tropa com o governador acabou e que os resultados que trouxeram a Minas Gerais o título de estado mais seguro vão começar a cair com uma espécie de operação padrão.

 

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