Os cerca 18 mihões de beneficiários do Auxílio Brasil devem ter acesso, em breve, ao crédito consignado, modalidade de empréstimo cujo pagamento será descontado diretamente do benefício pelos bancos. A medida pode ajudar a aliviar dívidas, ponderam especialistas, mas, por outro lado, se não houver planejamento financeiro pode aprofundar ainda mais o endividamento das famílias brasileiras, em um país que soma quase 67 milhões de inadimplentes, segundo a Serasa.
A liberação do crédito consignado para beneficiários do programa foi aprovada pelo Congresso no início de julho de 2022 e, agora, aguarda sanção do presidente Jair Bolsonaro (PL) até o início de agosto. Além de estender o empréstimo para quem recebe o Auxílio Brasil, a Medida Provisória (MP) 1.106/2022, que legaliza a opção, também aumenta a margem consignável de trabalhadores com carteira assinada, servidores público e aposentados, isto é, permite que uma parte maior da folha de pagamento seja comprometida pelo empréstimo. Para os beneficiários do Auxílio Brasil, o limite previsto é de 40%, ou até R$ 240 mensais.
“Vejo que é uma mudança positiva, porque, de maneira geral, o consumidor está precisando desse dinheiro, e esse valor gera uma liquidez que ajuda a pagar o que ele precisa e a girar a economia. Mas ela se torna negativa se o consumidor não tomar o crédito de maneira consciente ou para algo de que não precise efetivamente”, pontua a gerente da Serasa Amanda Rapouzo. A O TEMPO, ela também deu uma série de dicas para avaliar se o crédito consignado vale a pena.
Ele ganha vantagem em relação a outras categorias de empréstimo porque, como está atrelado diretamente à folha de pagamento, fornece uma garantia maior aos bancos e, por isso, tem uma taxa de juros menor. Mas, justamente por descontar o valor automaticamente, é um risco para quem não tiver planejamento financeiro. Quando for transformada em lei, a MP ainda precisará de uma regulamentação sobre o crédito consignado, que poderá estabelecer limite de juros cobrados pelos bancos. Hoje, em bancos privados, os juros mensais da modalidade vão de 1,22% a 4,82%, segundo o Banco Central. O rotativo do cartão de crédito, em comparação, pode ter taxa de juros de até 22,39% ao mês.