Consignado do Auxílio Brasil pode endividar os mais pobres, dizem especialistas

Parcela da dívida do crédito consignado para beneficiários do Auxilio Brasil poderá ser de até R$ 240 — Foto: Raphael Ribeiro / Banco Central do Brasil

Os cerca 18 mihões de beneficiários do Auxílio Brasil devem ter acesso, em breve, ao crédito consignado, modalidade de empréstimo cujo pagamento será descontado diretamente do benefício pelos bancos. A medida pode ajudar a aliviar dívidas, ponderam especialistas, mas, por outro lado, se não houver planejamento financeiro pode aprofundar ainda mais o endividamento das famílias brasileiras, em um país que soma quase 67 milhões de inadimplentes, segundo a Serasa.

A liberação do crédito consignado para beneficiários do programa foi aprovada pelo Congresso no início de julho de 2022 e, agora, aguarda sanção do presidente Jair Bolsonaro (PL) até o início de agosto. Além de estender o empréstimo para quem recebe o Auxílio Brasil, a Medida Provisória (MP) 1.106/2022, que legaliza a opção, também aumenta a margem consignável de trabalhadores com carteira assinada, servidores público e aposentados, isto é, permite que uma parte maior da folha de pagamento seja comprometida pelo empréstimo. Para os beneficiários do Auxílio Brasil, o limite previsto é de 40%, ou até R$ 240 mensais.

“Vejo que é uma mudança positiva, porque, de maneira geral, o consumidor está precisando desse dinheiro, e esse valor gera uma liquidez que ajuda a pagar o que ele precisa e a girar a economia. Mas ela se torna negativa se o consumidor não tomar o crédito de maneira consciente ou para algo de que não precise efetivamente”, pontua a gerente da Serasa Amanda Rapouzo. A O TEMPO, ela também deu uma série de dicas para avaliar se o crédito consignado vale a pena.

Ele ganha vantagem em relação a outras categorias de empréstimo porque, como está atrelado diretamente à folha de pagamento, fornece uma garantia maior aos bancos e, por isso, tem uma taxa de juros menor. Mas, justamente por descontar o valor automaticamente, é um risco para quem não tiver planejamento financeiro. Quando for transformada em lei, a MP ainda precisará de uma regulamentação sobre o crédito consignado, que poderá estabelecer limite de juros cobrados pelos bancos. Hoje, em bancos privados, os juros mensais da modalidade vão de 1,22% a 4,82%, segundo o Banco Central. O rotativo do cartão de crédito, em comparação, pode ter taxa de juros de até 22,39% ao mês.

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