Um pai de santo de 59 anos foi preso nesta quarta-feira (5), suspeito de estuprar adolescentes, mulheres e duas enteadas em um terreiro de candomblé no bairro Jaqueline, região de Venda Nova. A Polícia Civil acredita que possam existir outras vítimas, uma vez que ele já havia sido indiciado por estupro em 2019.
Uma das enteadas relatou à PC que tinha apenas 8 anos quando o abuso ocorreu pela primeira vez, e que se estenderam por sete anos. O suspeito foi encontrado na casa de uma conhecida em Ribeirão das Neves, na Grande BH. Ele planejava fugir neste sábado (8).
De acordo com a delegada Larissa Mayerhofer, da Divisão de Orientação e Proteção à Criança e Adolescente (Decad), as investigações começaram em 23 de março, quando a companheira do pai de santo e uma de suas filhas, menor de idade, foram até a delegacia fazer a denúncia do estupro das duas enteadas.
Segundo a delegada, todas as vítimas frequentavam o terreiro onde os crimes eram cometidos. As testemunhas relataram à Polícia que procuravam o pai de santo para tratamento de enfermidade física, aconselhamento espiritual ou algum problema emocional. As idades das vítimas variam de 8 a 15 anos.
“Ele aproveitava da fragilidade e vulnerabilidade das vítimas, se valia da religião para ludibriar diversas mulheres e adolescentes e as molestava durante os rituais religiosos. Ele ainda as amedrontava, dizendo que era um pai de santo poderoso e que nunca ia ser preso. Muitas se sentiram intimidadas e, por isso, não procuraram a Polícia para denunciá-lo”, explicaou Larissa Mayerhofer.
Além do mandado de prisão, a PC cumpriu outros dois de busca e apreensão na casa do suspeito, mas nada de ilícito foi encontrado. Ainda assim, outras diligências podem ser feitas.
Segundo a investigadora, o pai de santo já foi ouvido pelas autoridades, admitiu os crimes mas disse que todas as relações sexuais foram consensuais.
Denúncia
Em coletiva com a imprensa, o delegado Eduardo Vieira, chefe do Decad, ressaltou o fato de poderem existir outras vítimas e orientou essas mulheres a procurarem uma delegacia da mulher para denunciar os crimes.
O delegado aproveitou para orientar sobre outros casos de abuso sexual. “Esse tipo de abuso acontece em qualquer religião. O mais importante é que as pessoas façam denúncia. Independentemente da religião, façam a denúncia, façam chegar à Polícia Civil para que possa apurar os fatos e levar à responsabilidade criminal”, afirmou Vieira.