Casais celebram a união em cemitério de Sabará

Patrocinado por ação social, o casamento celebrou novo passo na vida de sete casais (foto: Gladyston Rodrigues/em/d. a. press)

Pensar em celebrar uma cerimônia de casamento no cemitério pode parecer estranho em um primeiro momento, mas o que sete casais mostraram, ontem, é que o amor tem a força de ressignificar espaços. Essa união inusitada ocorreu no Cemitério Parque Terra Santa, em Sabará, Região Metropolitana de Belo Horizonte, e substituiu o sentimento de dor e sofrimento que cerca local por um ar de alegria e oportunidade para realização de sonhos.

A ideia partiu de Vivianne Brasil, CEO presidente da Metropax, que recordou de um casamento comunitário realizado pelo Grupo Cortel em Porto Alegre, em 2019 também em um cemitério. “Como foi um sucesso, muito bem recebido pela sociedade, nós resolvemos fazer aqui na Grande Belo Horizonte”, explicou.
Segundo ela, a empresa sempre investe em ações sociais e, por isso, resolveu aproveitar o mês das noivas para realizar o sonho de várias mulheres que não tiveram a oportunidade de ter uma cerimônia religiosa por questões financeiras. “Pensei: ‘Por que não ajudar noivas carentes?’. Abrimos a seleção na nossa rede social e tivemos esse sucesso nas inscrições, já tenho duas noivas para o ano que vem”, conta, com a expectativa de dar continuidade ao projeto.

O espaço no próprio cemitério da empresa caiu como uma luva para o evento. “Precisávamos de um espaço que tivesse um jardim lindo, que fosse amplo. E por que não realizar no cemitério, já que é a área onde atuamos? Aqui é um espaço separado do campo santo, estamos na parte administrativa, onde a gente realiza cerimônias e missas em homenagem aos nossos falecidos. E por que não celebrar o amor em uma cerimônia religiosa?”, reflete Vivianne.

“Como o espaço já estava disponível, resolvemos trazer para cá. Porque o cemitério não é o fim, não é um lugar onde tudo acaba, é onde a gente reflete que a vida precisa continuar. Por que não celebrar uma nova história, um novo amor, neste espaço onde as pessoas sofrem e sentem tanta dor de luto? Por isso, resolvi trazer para o cemitério, para quebrar este tabu e fazer uma nova história”, acrescenta.
Sete casais toparam participar da cerimônia: Cláudia Regina da Silva, de 51 anos, e Wagner Marcos Duarte, de 53; Kely Rodrigues de Moura Santos, de 43, e Paulo César da Silva, de 45; Thânia de Oliveira Alves, de 33, e Luiz Henrique da Silva Abreu, de 43; Lucilene Ribeiro Campos, de 48, e Clayvson Campos Nuvem, de 53; Letícia Caroline de Fátima Mesquita, de 29, e Adriano da Glória Fernando, de 35; Camilla Fernanda Rodrigues Alves Moreira, de 33, e João Lucas Moreira Meira, de 29; Marta Dias Andrade, de 55, e Jurandi Cardoso dos Santos, de 56.
A CERIMÔNIA
Os casais seguiram o ritual de não se verem antes da cerimônia, e, por isso, homens ficaram em uma sala –  onde tradicionalmente são realizados os velórios – e mulheres em outra, na capela do local. O casamento começou no horário programado, por volta das 16h, momento em que o pôr do sol trouxe um visual deslumbrante e digno do um cenário romântico que os noivos merecem.
Enquanto os convidados aguardavam ansiosos, primeiro entraram os noivos e se posicionaram – três do lado esquerdo do frade que celebrou as uniões e outros três à direita. Logo em seguida, o som dos instrumentos indica que havia chegado o momento de as noivas se encontrarem com os amados, que as receberam emocionados. Por fim, entraram Marta e Jurandi para a renovação de votos, abrindo as celebrações.
O celebrante ecumênico, Cláudio Júnior, elogiou a coragem dos casais de assumirem o compromisso: “Quero dizer aos casais que nos dias de hoje é muito difícil ter coragem para casar, mais coragem ainda é casar em um local diferente como este. A tradução da palavra ‘coragem’ significa agir pelo coração, que vocês possam seguir o vosso coração.”
Ele descreveu a história de amor desde o início de cada um dos noivos e deu a bênção para a união. Após todos prometerem ser fiéis aos companheiros, amá-los e respeitá-los na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, “até que a morte os separe”, o religioso declarou como esposo e esposa os sete casais e autorizou o beijo apaixonado de todos eles.
 
REALIZAÇÃO DE SONHOS
Camilla Fernanda e João Lucas, por exemplo, estão casados no civil há sete anos, mas não puderam ter uma cerimônia religiosa com tudo a que têm direito. O projeto da funerária deu ao casal toda a estrutura com que os dois sempre sonharam: espaço decorado para receber os convidados, toda a produção dos noivos – incluindo vestido e terno –, fotos e vídeos para guardar o momento para toda a vida e até um coquetel após o evento.  Letícia e Adriano , por sua vez, consolidaram o matrimônio na presença dos três filhos, que esbanjavam alegria.
“É um sonho que estou realizando hoje, muito emocionada e feliz. Eu me sinto completamente realizada. É um sonho de anos, que não tivemos oportunidade de realizar antes, mas agora estamos muito completos”, comemora Camilla. “Independentemente de ser no cemitério ou não, o que importa é a gente receber a bênção de Deus. Estamos muito satisfeitos, é um lugar onde vamos celebrar o amor”, completa.
O ambiente foi pauta na família do noivo, João. “Alguns da nossa própria família acharam graça, não levaram a sério. No último momento, todo mundo brigou para vir”, brinca. “Pra mim é uma coisa diferente, um ambiente inusitado. Mas estou muito feliz porque é a realização de um sonho meu e da minha esposa, mesmo porque a gente não teria condições de fazer uma festa desta grandeza. É diferente, mas quebra esse gelo de um ambiente de dor e tristeza”, reforça ele.
PAZ Para Cláudia o ambiente trouxe a paz que precisava. “Pra mim está sendo o dia mais feliz da minha vida, a paz que este lugar traz para a gente é o que precisamos daqui pra frente no nosso casamento. A gente já tinha, mas com essa cerimônia aqui com minha família presente, a paz vai redobrar na minha casa”, afirma.
Segundo o marido, Wagner, os dois estavam há muitos anos sonhando com essa oportunidade. “Pra mim foi normal, não achei diferente de um casamento na igreja. O que importa é o amor que vivemos aqui. Estamos há 30 anos tentando nos casar e surgiu essa oportunidade. Só tenho que agradecer”, ressalta.
Para Marta e Jurandi, que comemoram bodas de prata, a cerimônia extrapolou tudo o que imaginavam viver juntos. “Pra gente é como se fosse um lugar normal, na igreja mesmo. Estamos juntos há 25 anos, estamos sem palavras com tudo que vivemos aqui. Nunca imaginamos que poderíamos fazer parte de uma cerimônia dessa, o coração está pulando de alegria”, aponta
Fonte Estado de Minas 

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